Governo corta projeção do PIB e vê inflação maior em 2022

Governo corta projeção do PIB e vê inflação maior em 2022

 Todas as projeções para a inflação em 2021 estão bem acima do centro da meta deste ano, de 3,75%

© Marcelo Casall Jr./Agência Brasil
O Ministério da Economia revisou para cima sua projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 7,90% para 9,70%.

Para 2022, a projeção passou de 3,75% para 4,70%. No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 9,77% em 2021 e de 4,79% em 2022. A pasta reduziu suas estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano, que, ainda assim, estão mais otimitas que as previsões do mercado.

Todas as projeções para a inflação em 2021 estão bem acima do centro da meta deste ano, de 3,75%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,25% a 5,25%). No caso de 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00% a 5,00%).

O Ministério da Economia também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 8,40% para 10,04%. Para 2022, a projeção passou de 3,80% para 4,25%.

A estimativa para a alta do IGP-DI em 2021 passou de 18,00% para 18,66%. Para o próximo ano, a projeção passou de 4,70% para 5,42%.


Revisão nas projeções para o PIB
O ministério atualizou sua estimativa para a recuperação da economia em 2021, de avanço de 5,30% para alta de 5,10% no PIB, enquanto o mercado segue reduzindo ainda mais suas projeções para a evolução da atividade neste e no próximo ano.

No último relatório Focus, os analistas de mercado estimaram uma alta de 4,88% para o PIB de 2021. Para 2022, a estimativa no Focus é de alta de 0,93%, sendo que as respostas somente nos últimos cinco dias até a divulgação do relatório já apontaram para um crescimento de apenas 0,81% no próximo ano.

De acordo com o Boletim Macrofiscal, a perspectiva de crescimento em 2021 se apoia no bom carregamento estatístico de 2020, na taxa de poupança elevada, na rápida recuperação do investimento, no mercado de crédito robusto e na recuperação dos serviços, especialmente prestados às famílias. O documento, por outro lado, cita riscos, como a questão hídrica e uma eventual piora da pandemia de covid-19.

Como antecipou o Estadão, o ministério manteve a projeção para o crescimento da economia em 2022 acima de 2%, indo na contramão das estimativas do mercado: a estimativa da SPE passou de alta de 2,50% para 2,10%. A pasta manteve ainda as projeções de crescimento da economia de 2023, 2024 e 2025 - todas em 2,50%.

Na sexta-feira-feira, 12, bancos revisaram as projeções para o PIB de 2022 após resultados negativos da economia. O JP Morgan prevê que o PIB vai ficar estável. O Haitong estima queda de 0,3% e o Credit Suisse, de 0,5%. A economista-chefe do Credit Suisse no País, Solange Srour, disse ao Estadão que a alta dos juros e a perspectiva de inflação alta, além da mudança do teto de gastos, levaram o banco a revisar os números.


Mercado de trabalho é a esperança do governo
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reconheceu há pouco que o crescimento da economia no governo Jair Bolsonaro é menor do que outros períodos da história, mas é mais positivo do que o resto do mundo. "Quando se leva cenário externo em consideração, estamos obtendo resultados importantes", disse, citando um crescimento previsto de 0,75% no Brasil entre 2019 e 2021, contra 0,60% dos países avançados e -0,85% da América Latina.

Sachsida ainda argumentou que mais importante que o número do crescimento é a qualidade. "Insistimos em agendas estruturais que garantam crescimento de longo prazo", disse, durante coletiva de imprensa para comentar a nova grade de parâmetros.

Sobre o cenário para 2022, a SPE destaca que a projeção fundamenta-se em dados positivos do mercado de trabalho, que vem se recuperando da queda na pandemia, e também cita alto volume de investimentos contratados para o ano que vem, em parte decorrente de leilões e concessões.

"A força de retomada do mercado de trabalho me parece suficiente para crescimento acima de 2% no ano que vem", disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, durante coletiva de imprensa.

Sachsida argumentou que as taxas de participação e ocupação devem voltar aos padrões históricos no próximo ano, com a melhora da pandemia, especialmente com o retorno ao mercado dos trabalhadores informais. "O Brasil é um país pobre, infelizmente, não pode ter tanta gente sem procurar trabalho."

Segundo o secretário, a expectativa é de que o mercado de trabalho absorva cerca de 5 milhões de trabalhadores nos próximos 12 meses, sendo que 3,4 milhões informais e 1,5 milhão com carteira assinada.

Sachsida ainda afirmou que há expectativa de forte crescimento do investimento em 2022, liderado por concessões e privatizações. "Ao contrário de período anteriores, como de 2009 a 2014, quando o governo escolhia os 'campeões nacionais', hoje o mercado escolhe onde e quanto investir."

Ele destacou que a poupança acumulada será a base para retomada do financiamento dos investimentos privados. "Temos crescimento estrutural da produtividade no Brasil. O crédito direcionado está caindo."

O secretário também comentou que a quebra das cadeias produtivas globais afetaram o lado da oferta do Brasil, mas seu restabelecimento tendem a incentivar bons resultados em 2022.

Por outro lado, Sachisida pontuou que houve piora recente do cenário internacional, com a crise energética e desenvolvimento desfavorável em alguns parceiros do Brasil, assim como deterioração das condições financeiras.

No curto prazo, o secretário disse que há expectativa de melhora dos serviços em novembro, após queda em setembro. "A partir de outubro, indicadores de mobilidade têm melhorado bastante." 


Fonte: Estadão.

 

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