Futebol & finanças & genocídio

Futebol & finanças & genocídio

Em 1994 houve um forte massacre na Ruanda (África). Estima-se que, em 100 dias, 800 mil pessoas foram assassinadas. A etnia hutu perseguiu e matou a etnia tutsi. No jargão global é comum lermos que "matar é um estilo de vida na África", porém este passou dos limites e chamou a atenção de Hollywood.

Logo em 2004 é lançado o filme Hotel Ruanda (disponível na Amazon Prime Video), não recomendável para pessoas sensíveis. A película estourou e transformou o protagonista do filme, um dono de hotel que ajuda a salvar vidas, Paul Rusesabagina em estrela global. Apenas dois anos após o massacre, 1996, e por motivos desconhecidos, Rusesabagina passou a viver fora do país e a ser acusado de terrorismo pelo governo.

Kagame, que preside o país desde 2000, além de perseguir seu conterrâneo mais famoso, é adepto do sportswashing, que significa algo como "lavar a alma e o dinheiro no esporte". Em 2018, anunciou que o país, sim, o país, e não uma empresa, patrocinaria o Arsenal (Londres), clube riquíssimo da Inglaterra. As cifras giram em torno de 10 milhões de libras por ano (ou 73 milhões de reais).

Pari passo, Ruanda também patrocina o todo poderoso PSG (França), clube do qual o Kagame se diz torcedor e faz cobranças abertas aos jogadores pela internet. Ainda há a expectativa de que nos próximos anos aconteça alguma partida da NBA (basquete americano) no país.

93% da população de Ruanda vive abaixo da linha da pobreza (Unicef). Kagame alega que os patrocínios são todos revertidos com o ingresso incremental de europeus no país. O país além de produzir pobreza atrai muitos holofotes.

Voltemos ao gerente do hotel, Paul Rusesabagina. Ele foi sequestrado em 2020 em pleno voo. O avião que tomou iria para o Burundi, mas, fora do plano de voo, pousou em Quigali (Ruanda). Está preso desde então. No mês passado o gerente de hotel voltou aos noticiários: fora condenado a 25 anos de reclusão pelo crime de terrorismo (sic.). A família disse que ele nunca tomaria qualquer avião que pousasse em Ruanda.

O jogador alemão do Real Madrid Tony Kroos não vai jogar a Copa do Mundo do Qatar. Alega que estaria emprestando sua imagem para louvar uma ditadura perversa e exploradora. Sportswashing, veremos muito mais disto pela frente. Entra século e sai século e a política do pães e circos nunca some. Apenas muda de roupagem. 

 

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Quinta, 25 Abril 2024

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